Livro “O Segredo do Meu Filho – Porque Carlo Acutis é considerado um Santo?”, Antonia Salzano Acutis

Carlo Acutis faleceu aos 15 anos, devido a uma leucemia fulminante, a 12 de Outubro de 2006, em Milão. Nos breves anos de vida, deixou um legado enorme, tanto na simplicidade com que viveu, como na profundidade das suas reflexões, que impressionam ainda mais por ser apenas um jovem.

A sua entrega à vida, “um minuto a mais é um minuto a menos”, ao cuidado com o próximo fosse conhecido ou não, o seu compromisso, rectidão, entusiasmo, maturidade, etc., etc, são impressionantes. Mas quando sabemos que tudo era alicerçado na Santa Eucaristia, então é possível perceber donde vinha tal força. Não dependia apenas dele, mas a raíz era bem mais profunda. O que muitos de nós levam uma vida para compreender, Carlo desde pequenino teve esse discernimento. Ao ler o livro, levou-me a pensar na Madre Teresa (por quem também ele tinha grande admiração e é citada diversas vezes) que cedo também descobriu que a sua força e disponibilidade para os outros não partia de si, mas da oração diária (Santa Missa e Adoração). Poderia estar em viagem, ter os afazeres que tivesse, mas o seu tempo de oração diário era intocável, pois, sem isso, tudo o resto deixava de fazer sentido. É preciso ser bem humilde para reconhecer que nada depende de nós e, esta qualidade, era algo que caracterizava bem o Carlo. “Não eu, mas Deus”.

Os Santos, na sua diversidade de vidas, idade, carisma, missão, vocação, estado civil, origem geográfica, status social, etc., são exemplo e inspiração para que cada um de nós também seja santo. Não há dois santos com vida idêntica, embora as virtudes e alguns traços sejam comuns a todos eles. Mais do que pensar que a santidade é apenas para alguns, eles nos mostram claramente que não é assim, é para TODOS, está ao alcance de quem assim o desejar. Nem todos seremos “santos de altar”, mas o mais importante é o caminho feito e o testemunho diário entre os que connosco convivem.

Neste livro, fica bem presente a vontade do Carlo para que todos sejamos santos e demos valor à Eucaristia e à oração do terço. Nós, acompanhados com a sua mãe, percorremos vários momentos da vida do Carlo. Tendo ela sido uma grande companheira, conhece por isso, tanto do seu íntimo. Provavelmente foi a pessoa que mais esteve fisicamente presente, acompanhando-a aos diversos locais de peregrinação que o jovem Carlo sempre aproveitava para visitar quando se encontravam em viagem. A mãe, os pais, ao longo dos anos, apercebendo-se das vontades “sui generis” para alguém tão novo, não o deixaram de acompanhar, vendo, também por isso, as suas vidas serem transformadas e tocadas pela mão de Deus.

Ser devoto resolve todos os problemas e é certeza de cura? Não é certamente, mas dá uma força interior única para ultrapassar as adversidades que surgem na vida de todos. A forma de ver a vida e as dificuldades é que mudam e “só isso” faz toda a diferença, tal como testemunha a mãe ao longo do livro, entre relatos tocantes e cheios de força.

Excerto

Muitas fotografias do Carlo mostram-no com uma mochila aos ombros. Na minha opinião, isso não acontece por acaso. O Carlo viveu assumindo a atitude que é típica dos peregrinos, sempre a caminho em direcção a uma meta longínqua. Manteve, porém, vivas as suas raízes, que o ligavam ao passado, mas ao mesmo tempo o projetavam no futuro. O verdadeiro peregrino deve estar imbuído de uma insatisfação que não resulta de uma amargura ou de uma desilusão, mas de uma esperança, de uma nostalgia de infinito que justifica a partida. O Carlo foi um perfeito peregrino do infinito, sempre empenhado na procura do Absoluto. Mas, para empreender essa procura, repetia que é necessário conhecer-se bem, para poder executar a saída de si mesmo que permite ir mais rapidamente ao encontro de Deus e dos outros. Como escreveu o filósofo Søren Kierkegaard, que ele lia com frequência: «Quem se perde em si mesmo não tem à disposição muito espaço, e depressa se apercebe de que está fechado numa cerca da qual já não pode sair.» (Pg. 90 e 91)

in “O Segredo do meu Filho – Porque é Carlo Acutis considerado um santo?”, Antonia Salzano Acutis

Sinopse (aqui

«Há muita gente que me pergunta qual é o segredo por detrás da vida do meu filho Carlo, que em poucos anos conseguiu conquistar a amizade e o carinho de tanta gente que pede a sua intercessão em oração. Porque é invocado um pouco por todo o mundo um menino tão simples que morreu aos 15 anos de idade? Porque é que a Igreja Católica o proclamou bem-aventurado? Em suma, qual é o mistério da luz que acompanha a sua pessoa?

Muitos foram já os que quiseram falar do Carlo, mas não é fácil compreender a individualidade de uma pessoa com quem não se tenha estabelecido uma relação direta. Sendo verdade que «o essencial é invisível aos olhos» e que «só se vê bem com o coração», enquanto mãe do Carlo, procurei escrever com o coração um livro que ajude a conhecê-lo e a amá-lo.

Um sentido religioso muito forte e inato levou o meu filho a abrir-se aos outros, sobretudo aos mais pequenos, pobres e fracos. O Carlo viveu sempre com a mão estendida para Deus, e dizia que «a conversão é um processo de subtração: menos eu, para deixar espaço para Deus». Como um farol numa noite escura, o Carlo atravessou e iluminou a escuridão que me mantinha presa e mostrou-me um caminho para a eternidade. O seu objetivo era o infinito, não o finito. E Jesus era o centro da sua vida. São estes os tesouros que procuro revelar aqui, os tesouros – e o segredo – do Carlo».

Outros livros:

– “Um milhão de passos a Norte”, de Luís Espassandim
– “Um Caminho para Todos – Diário de uma Peregrina no Caminho de Santiago“, de Luísa Sousa
– “GPS do Peregrino
– “Olhares de um Peregrino no Caminho de Santiago”, de Luís Ferreira e Nuno Sousa
– “Caminho do Amor“, de Alexandre Narciso e Anabela Narciso
– “O Caminho se Faz Caminhando“, de Vanessa Omena
– “I’m Off Then: Losing and Finding Myself on the Camino de Santiago”, de Hape Kerkeling
– “Alguma Dor Cura a Alma”, de Carlos Ferreira
– “Santiago Santiago – Caminho de Santos, Cavaleiros, Heróis e Vilões”, de Hans Aebli

– “Correr ou Morrer”, Kilian Jornet: IIIIIIIV
– “A Mais Alta Solidão”, João Garcia: I
– “Mais Além: Depois do Evereste”, João Garcia: III
– “Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo”, Haruki Murakami:IIIIII
– “Vagabundo dos Mares”, João Rodrigues:I– “Uma Mulher no Topo do Mundo”, Maria da Conceição: I– “Portugal de perto”, Nuno Ferreira: I
– “Estrada Nacional 2 sobre rodas”, Sérgio Amaro Bastos
– “Aos 75 Anos Paris-Roma 1500 Km a Pé” de Henri Le Boursicaud
– “O que é Amar um País”, José Tolentino Mendonça
– “Silêncio na Era do Ruído”, Erling Kagge
– “Sonhemos Juntos – O caminho para um futuro melhor”, de Papa Francisco e Austen Ivereigh
“O Segredo do Meu Filho – Porque Carlo Acutis é considerado um Santo?”, Antonia Salzano Acutis

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