Livro “Um Caminho para Todos” a ser lido na Escola / Book “A Camino for All” being read at the school

“Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce” (Fernando Pessoa)
E quando o Homem nem sonha, mas Deus quer, a obra nasce na mesma. Acredito muito que este é o exemplo perfeito disso, em que continuo incrédula e maravilhada com tudo o que tenho vivido e presenciado.

Tem sido uma história extremamente enriquecedora e desafiante desde o início. Alguém que não gosta (e não consegue) caminhar, sente um apelo interior para partir para o Caminho; não se fica apenas por uma experiência, mas necessita de voltar e repetir e repetir; não aprecia expôr o seu mais íntimo , mas cria um blog; a escrita não faz parte da sua rotina e publica um livro e, como se já não fosse suficiente, detesta falar em público, mas predispõe-se a ir “onde houver uma porta aberta”. Porquê? Porque nada disto é sentido como meu e daí utilizar a palavra “missão” em todo este caminho de partilha.

_ _ _

Há cerca de ano e meio, ainda antes da pandemia surgir, tinha voltado ao meu casulo. Pensei, sinceramente, que o tempo de apresentações e périplo pelo país havia terminado, afinal “para tudo há um momento” e para mim não seria diferente. Foi incrível, continua a sê-lo, olhar para trás e ver a quantidade de pessoas que, não me conhecendo de lado algum, confiaram, convidaram, acolheram nas suas localidades e casas (!!), deram o seu tempo e a sua boa vontade. Nunca terei como retribuir e sou extremamente grata por tudo e por todos estes encontros.
Tudo foi vivido intensamente e, talvez por isso, depois veio a necessidade de “pousio”, quase coincidente com a pandemia. Pensei, pois, que esta missão estaria concluída. O livro, claro, continuaria por aí, mas com tantos outros a surgirem nos últimos anos, ficaria de forma mais discreta.

O Homem não sonhou, mas Deus quis…
De forma totalmente imprevista, recebi o contacto de uma professora que em tempos leu o livro a perguntar se estaria disponível para uma conversa com os seus alunos. Considerava que faria sentido para tratar de temas como a Cidadania e Interculturalidade. Mais, que estava a pensar propor-lhes “Um Caminho para Todos” como leitura da disciplina.
Confesso que, ao ler a mensagem, depois da surpresa, a vontade era de dizer “não, obrigada”. Queria muito continuar no conforto do casulo, mas rapidamente veio à mente “Se dizes que nada disto é teu e onde houver uma porta aberta não serás tu a fechá-la, então…”
Em pouco tempo tudo ficou tratado. Em vez de uma sessão, seriam 3, uma em cada turma, com todos os cuidados e regras inerentes à actualidade. A logística estava tratada, mas a motivação, o entusiasmo não estava lá. Durante o tempo de preparação só pedia “Senhor, inspira-me para que partilhe não aquilo que me faz sentido, mas o que eles mais precisam de ouvir.”
Na véspera da primeira conversa, reaparece o ânimo e, modéstia à parte, creio que o Senhor ouviu mesmo a prece. Três sessões, o mesmo fio condutor, mas todas diferentes e seguindo por caminho diferentes. A partilha foi além do Caminho de Santiago, passou por outras missões e, mais importante, pelo Caminho da Vida!
Saí cheia, a transbordar, renovada!
Confesso que não esperava tanta atenção da parte dos alunos, por achar que teriam outros interesses e distrações (que bom poder me libertar de mais alguns preconceitos). Vi alguma vontade de colocar a mochila às costas ou de, pelo menos, ir a Santiago de Compostela. Vi o entendimento do paralelismo do caminho com a Vida. Não sei que frutos irão surgir, mas fica a certeza de que as sementes caíram em boa terra.
Obrigada Professora Rosário, obrigada a todos os alunos, obrigada Liceu Jaime Moniz, pela confiança e disponibilidade. Foi tão importante, nem eu sabia o quanto estava a precisar disto! :)

Jovens, a Professora não foi nada vossa amiga, escolher um livro em que infelizmente ainda não há livros-resumo Europa-América disponíveis para facilitar a vida. Espero que nenhum perca o gosto pela leitura devido ao livro que teve de ler na escola. :)
(Actualização 29/01/2021: Na verdade, pelo que pude assistir via zoom das apresentações dos trabalhos, estão TODOS de Parabéns! Conseguiram captar o essencial e expô-lo de uma forma clara! Enriqueci com os vossos pontos de vista e com um feedback tão directo que por vezes é difícil de obter. :) )

OBRIGADA a TODOS!!! :)

O Caminho continua…

Notícia publicada: https://funchalnoticias.net/2021/01/21/luisa-sousa-partilha-com-os-alunos-da-escola-jaime-moniz-o-seu-livro-um-caminho-para-todos/)

Actualização: Um bonito presente recebido pela Professora Rosário Martins

Carta aberta a Luísa

Funchal, 27.1.2021

Querida Luísa,

Escrevo-te sem saber quais são hoje os caminhos que te conduzem nestes tempos tão perturbadores e inquietantes. Achamos, de facto, que somos os náufragos de uma civilização ultramoderna que se perdeu nos oceanos e no requinte da tecnologia de ponta, às mãos de um vírus omnipotente. Estamos acossados por este caminho de pandemia que nos obriga a olhar para dentro e a encontrar forças para enfrentar a tempestade.

Por onde caminhas, agora, Luísa? – Eis a interpelação que fala alto em mim, após a nossa conversa em sala de aula e após as apresentações orais dos nossos alunos. Folheio as páginas do teu livro e questiono-me: queixar-me de quê? Medo de quê? Paralisar porquê? O caminho começa quando unimos a nossa vontade à vontade de alguém que nos transcende e que desenha a nossa vida sempre em ação.

Por onde caminhas, agora, Luísa? Fico a imaginar quais os teus trilhos neste momento tão conturbado. Mas quando olho para ti e para o teu livro, ganho uma lição de serenidade, de resiliência e de muita esperança. E vem-me à memória a sabedoria de Fernando Pessoa, “quem quer passar o Bojador tem de ir além da dor!”. Sim, é esta dor da superação dos espinhos que nos faz transcender e crescer.

Por onde caminhas, agora, Luísa? Qual é o teu mapa de Amor ao outro que te leva a abrir o teu coração a outros caminhos? Olho para ti e vejo na tranquilidade do teu olhar e na bondade do teu coração um caminho infinito de partidas, em que a chegada pouco interessa. Assim nos ensina Miguel Torga: “Aparelhei o barco da ilusão… o importante é partir”.

Por onde caminhas, agora, Luísa? É urgente partilhar com os outros as lições do Caminho. Não é tanto as centenas de conceitos que se decoram que nos defenderá na vida. É sim as experiências que mudam a nossa vida. Mas é preciso colocar-se na estrada, qualquer que seja o destino.

Eu não seio por onde e com quem caminhas. Sei que procuras sempre a descoberta do outro, o silêncio que transforma, a música calada e a ceia com o mundo que recreia e enamora.

Obrigada, Luísa, por esta experiência e por seres como és. Assim, peregrina, sempre pronta para partir…
Maria do Rosário

Fotografia de Rosário Martins

___

EN (translation by Google Translator)

“God wants, Man dreams, work is born” (Fernando Pessoa)
And when man does not dream, but God wants, the work is born in it. I strongly believe that this is the perfect example of this, in which I remain incredulous and amazed by all that I have lived and witnessed.

It has been an extremely enriching and challenging story from the beginning. Someone who does not like (and cannot) walk, feels an inner call to go on the Path; you don’t just stay for an experience, but you need to go back and repeat and repeat; he doesn’t enjoy exposing his most intimate, but he creates a blog; writing is not part of his routine and he publishes a book and, as if it were not enough, he hates public speaking, but predisposes himself to go “where there is an open door”. Because? Because none of this is felt like mine and hence use the word “mission” throughout this sharing path.


About a year and a half ago, even before the pandemic broke out, I had returned to my cocoon. I honestly thought that the time for presentations and touring the country was over, after all “for everything there is a moment” and for me it would be no different. It was incredible, it continues to be so, to look back and see the number of people who, not knowing me from anywhere, trusted, invited, welcomed in their localities and homes (!!), gave their time and their good time will. I will never be able to repay and I am extremely grateful for everything and for all these meetings.
Everything was lived intensely and, perhaps because of that, then the need for “fallow” came, almost coinciding with the pandemic. I therefore thought that this mission would be completed. The book, of course, would continue there, but with so many others appearing in recent years, it would remain more discreet.

Man did not dream, but God wanted…
In a totally unexpected way, I received the contact of a teacher who once read the book asking if she would be available for a conversation with her students. She considered that it would make sense to address issues such as Citizenship and Interculturality. Furthermore, she was thinking of proposing “A Way for All” as a reading of the discipline.
I confess that, after reading the message, after the surprise, the desire was to say “no, thank you”. I really wanted to continue in the comfort of the cocoon, but it quickly came to mind “If you say that none of this is yours and where there is an open door, you will not be the one to close it, then…”
In a short time everything was taken care of. Instead of a session, there would be 3, one in each class, with all the care and rules inherent in the news. The logistics were taken care of, but the motivation, the enthusiasm was not there. During the preparation time he only asked “Lord, inspire me to share not what makes sense to me, but what they need to hear most.”
On the eve of the first conversation, the mood reappears and, modestly aside, I believe that the Lord even heard the prayer. Three sessions, the same guiding thread, but all different and following a different path. The sharing went beyond the Camino de Santiago, went through other missions and, more importantly, the Camino de Vida!
I left full, overflowing, renewed!
I confess that I did not expect so much attention from the students, because I thought they would have other interests and distractions (how nice to be able to free myself from some more prejudices). I saw some desire to put the backpack on my back or at least go to Santiago de Compostela. I saw the understanding of the parallelism of the path with Life. I don’t know what fruits will emerge, but it is certain that the seeds fell in good soil.
Thank you Professor Rosário, thank you to all students, thank Liceu Jaime Moniz, for your trust and availability. It was so important, even I didn’t know how much I needed it! :)

Young people, the Teacher was not your friend at all, choosing a book in which, unfortunately, there are still no Europe-America summary books available to make life easier. I hope that none of them lose their taste for reading due to the book they had to read at school. :)

Thank you all!!! :)

The Path continues …

Deixe um comentário